quarta-feira, janeiro 2

Exposição Catequética sobre a Divina Liturgia - Parte 1


Iniciamos hoje uma série de postagens destinadas a fazer uma exposição catequética sobre a Divina Liturgia.
Os artigos são adaptações da série de palestras catequéticas elaboradas pelo Presbítero Basílio Gelevan, pároco da igreja Santa Zenaide (Patriarcado de Moscou, Rio de Janeiro), que foram ofertadas aos fieis em domingos seguidos, após a celebração da Divina Liturgia e publicadas no Blog O Cetro Real do Diácono Marcelo Paiva.




Os tipos de Liturgia :

Na tradição litúrgica ortodoxa, há três ofícios de Liturgia, compostos por São Basílio o Grande, São João Crisóstomo e São Gregório o Diálogista.
Considera-se que o primeiro rito Litúrgico da Igreja Cristã foi composto pelo  santo Apóstolo Tiago, o irmão do Senhor. Segundo este rito ainda hoje é celebrada a Liturgia na Igreja de Jerusalém no dia da festa do Apóstolo.
No século IV, São Basílio o Grande (+379), explicitou, por escrito, um rito litúrgico, que é a Liturgia de São Tiago abreviada. São João Crisóstomo (+407), a partir do fato de que os habitantes de Constantinopla inquietavam-se com as prolongadas orações da Liturgia de São Basílio o Grande, introduziu um rito mais abreviado na Liturgia.
A Liturgia de São João Crisóstomo é celebrada na Igreja Ortodoxa durante todo o ano, exceto na Grande Quaresma, quando ela é realizada aos sábados, na Anunciação da Santíssima Mãe de Deus e na Semana dos Ramos.
Dez vezes por ano celebra-se a Liturgia de São Basílio o Grande. Às quartas e sextas-feiras da Grande Quaresma é celebrada a Liturgia dos Dons Pré-Santificados de São Gregório o Diálogista,(+604), que tem um rito especial.
Na maioria dos domingos do ciclo anual é celebrada a Liturgia de São João Crisóstomo. 



Serviços Divinos :
As Vésperas, Matinas, Vigília (oração da meia-noite) e o ofício das horas precedem a Divina Liturgia, preparando o fiel através das orações, do canto dos salmos, da leitura dos livros sagrados e todos os ritos correlacionados para o ápice da adoração. 
A Liturgia é a celebração pública, na qual se realiza o Sacramento da Santa Comunhão. A Divina Liturgia é também chamada de Eucaristia - ação de graças.
Ao celebrá-la, damos graças a Deus pela salvação da humanidade do pecado, da condenação e da morte pelo Sacrifício oferecido na Cruz por Seu Filho, nosso Senhor Jesus Cristo.
Este grande Sacramento do amor de Deus pelo homem foi estabelecido pelo próprio Jesus Cristo na Última Ceia (Mt 26, 26-29, Mc. 14, 22-25, Lc. 22, 19-21, 1Cor. 11, 23-26). O Senhor mandou celebrar este Sacramento em Sua memória (Lc 22, 19).
Depois da ascensão do Senhor, os apóstolos começaram a celebrar diariamente o Sacramento da Comunhão, unindo-o à leitura da Sagrada Escritura, ao canto dos salmos e orações.


As etapas da Divina Liturgia :
A liturgia é composta de três partes: a Proskomídia, a Liturgia dos Catecúmenos e a Liturgia dos Fiéis. Antes do início da Proskomídia os sacerdotes fazem as orações de entrada diante da Porta Santa, pedindo a Deus para fortalecê-los durante a celebração.
A Proskomídia (da palavra grega "oferecer": Nos tempos antigos, os cristãos traziam com eles ao templo pão e vinho para a celebração do Sacramento) - é a preparação para o Sacramento.
A Proskomídia é realizada no altar sobre uma mesa - o Altar da Prótese.




Tomam-se cinco prósforas - cinco pães (o número dos pães no Evangelho, Marcos 6, 38-44.), assados com massa fermentada. Toma-se o vinho - sempre de uva, tinto - e mistura-se com água.
As prósforas são compostas de duas partes, sinal de que em Jesus Cristo há duas naturezas - Divina e humana; na parte superior da prósfora do Cordeiro está impressa uma cruz com as letras "IC XC  NIKA" que quer dizer, "Jesus Cristo vence" (Ele é o vencedor do pecado, da morte e do diabo). "Três coisas estão no pão, correspondendo às três partes da alma, e em honra da Santíssima Trindade: a farinha com o fermento, que serve como imagem da alma; a água, que significa o Batismo, e o sal, significando a inteligência e o ensinamento da Palavra ..."




O sacerdote realiza a Liturgia com todos os paramentos sagrados - símbolo de que está revestido da Graça Divina.
Antes da leitura da terceira e sexta horas ou durante a sua leitura realizam-se os ritos da Proskomídia.



O sacerdote beija, um de cada vez, os vasos sagrados, recitando a seguintes oração: 

"Pelo Teu precioso Sangue (beija o Cálice) nos resgataste da maldição da Lei (Disco).Tendo Sido pregado na Cruz (Estrela, que, estando aberta, representa a cruz) e trespassado pela lança (Lança), tornaste-Te, para o homem, fonte de imortalidade. (Colher)."

Disco - prato redondo sagrado - significa o Céu, sobre ele coloca-se o Cordeiro, o Senhor do Céu. 
Lança - faca afiada, (em forma de lança) com a qual é recortado o Cordeiro e as partículas são retiradas da prósfora. Pela lança do soldado romano foi transpassado o Salvador na cruz (Jo 19, 34).
Colher (do grego - tenaz) - pequena colher usada para distribuir a comunhão aos fiéis. Significa a tenaz com que o Serafim pegou o carvão em brasa e tocou os lábios do profeta Isaías, o que significava a sua purificação (Is. 6, 6), como também a vara com a esponja que, embebida em vinagre, os soldados levaram aos lábios do Salvador pregado na cruz (Mt 27, 48). 
Estrela - significa a Estrela de Belém, que indicou o lugar do nascimento de Cristo, e o sudário.



O Altar da Prótese na Proskomídia representa a caverna (gruta), onde Cristo nasceu, e o Presépio (Lc 2,7).
O sacerdote toma uma das cinco prósforas e diz três vezes: 

"Em Memória de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo."

Em seguida, recorta com a lança a parte quadrada da prósfora (esta parte da prósfora é preparada para a transmutação no Corpo de Cristo). Como um cordeiro foi conduzido ao matadouro. E como a ovelha muda perante os tosquiadores, Ele não abriu a boca. Por um iníquo julgamento foi condenado. (Is. 53,8). Quem pensou em defender a Sua causa? (Is. 53,8). A Sua vida foi arrebatada da terra (Is. 53,8).
O nascimento de Cristo sacramentalmente é associado, na Proskomídia, à Sua crucifixão no Gólgota, e o sacerdote, incidindo com a lança uma cruz no Cordeiro, diz: 

"O Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, é sacrificado pela vida e salvação do mundo"
(cf. Jo. 1,29)

Então é lembrado o episódio da narrativa evangélica, em que o corpo do Salvador, pregado na Cruz, foi transpassado pela lança do soldado. Nesse momento é colocado no cálice o vinho misturado com a água.
(Jo 19, 34).

Retira-se da segunda prósfora uma partícula em honra e memória da Mãe de Deus e coloca-se sobre o disco, do lado direito do Pão Santo:

"À Tua Direita estava a Rainha, ornada de finíssimo ouro de Ofir."

Da terceira prósfora são retiradas partículas em honra dos nove coros dos santos: Em honra e memória de São João o Precursor, e de todos os santos profetas e justos, que já anunciavam a encarnação do Senhor e, em seguida, em honra dos Apóstolos - os servos de Cristo, e com eles todos os zelosos das virtudes - santos hierarcas, mártires, veneráveis e todos os santos, com memória celebrada neste dia e do criador do rito da Liturgia celebrada - São João Crisóstomo ou São Basílio o Grande.
Os santos, para os quais as partículas são retiradas, "como seguidores de Cristo neste grande Sacramento fazem-se participantes de maior glória e elevação através da Comunhão com a Vítima Salvadora ... "
Lembrando os santos, através da união e comunicação com eles, nós somos abençoados ... Porque eles mesmos recebem a bênção diretamente de Deus; recebendo as nossas ofertas, por meio delas nos abençoam"
Da quarta prósfora retiram-se partículas pelos membros vivos da Igreja: pelo Santíssimo Patriarca, pelo Metropolita, em seguida, por todas as ordens sacerdotais e monásticas, pelos que trabalham nos templos (2 Tim 2, 6), pelo nosso país e por todo o povo que ama o Cristo.

"Ortodoxos! Vós, - diz São João de Kronstadt - oferecendo a retirada de partículas para a saúde e salvação e pelo descanso dos mortos - na Proskomídia e durante a Liturgia vos comunicais com o Senhor, com a Mãe de Deus, com o Precursor, os profetas, os apóstolos, mártires, veneráveis e todos os santos".




O sacerdote destaca as partículas somente para os cristãos ortodoxos. 
Não se pode oferecer as partículas por aqueles que vivem impenitentes: porque a oferenda para eles é causa de condenação, da mesma forma que a Comunhão é causa de condenação para aqueles que vão aos Santos Sacramentos sem arrependimento, como disse o apóstolo Paulo (1Cor 11, 28-30). 
Finalmente, da quinta prósfora - cortam-se as partículas pelos falecidos em Cristo: Por todos das ordens sacerdotais e monásticas, pelos fundadores deste templo e, em seguida - por todos os ortodoxos falecidos na esperança da ressurreição e da Vida Eterna. 
O sacerdote coloca partículas também por aqueles a quem queremos fazer memória e que estão inscritos na memória da liturgia e as notas com os seus nomes.
Diante de nós, no altar, durante a oferenda, "de alguma forma o próprio Jesus contempla toda a Sua Igreja, e em meio a tudo vemos a Sua verdadeira luz, a vida eterna,  porque Ele mesmo está presente aqui,  sob a forma do Cordeiro,  que é  colocado no meio da Patena. Uma partícula é colocada à esquerda e representa a Sua Mãe, à direita, os santos anjos, e abaixo, a piedosa montagem de todos os crentes – vivos e mortos. 
Nisso há um grande mistério: Deus está no meio do povo e Deus está no meio dos homens que receberam a divinização pela graça do Verdadeiro Deus, encarnado para eles. Aqui - o futuro do reino e da revelação da vida eterna é apresentado ".
Finalizando a Proscomídia, o sacerdote pede a bênção de Deus sobre os ritos que vão ser executados. 


Abençoado turíbulo, o sacerdote reza: 

"Nós Te oferecemos este incenso, ó Cristo nosso Deus, como um perfume de suavidade espiritual; digna-Te recebê-lo no Teu altar, lá nas alturas, e derrrama sobre nós a graça do Divino Espírito Santo."



Finalmente, o sacerdote realiza a oração da proskomedia: 

"Ó Deus, nosso Deus, que enviaste o Pão Celeste, alimento para todos, o Senhor e Deus nosso Jesus Cristo, Salvador, Redentor e Benfeitor que nos abençoa e santifica, digna-te abençoar esta oblação e aceitá-la no teu Altar Celeste. Tu que és bom e amigo dos homens, lembra-te de todos aqueles por quem é oferecida a preserva-nos de incorrermos em condenação ao celebrarmos os Teus divinos Mistérios ..."

FONTE: O Cetro Real

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